quinta-feira, 22 de novembro de 2018



*MEA-CULPA
{Responsabilidade pelas próprias falhas)

Aprendi que não deveria nunca ter trocado o que mais queria na vida pelo que desejei em um momento de paixão.

Me afastei de pessoas que me pareciam ser para sempre, e me aproximei de outras que nunca jamais imaginei conhecer.

Acredito, hoje, que fiz muitas coisas no cotidiano, do jeito melhor que sabia, meio torto, talvez, mas do jeito mais bonito que sei...

As vezes tenho medo de mim mesma, mas também de algumas pessoas, e corro para um único refúgio: a solidão. Com ela não perturbo ninguém -além de mim mesma- ficar comigo e com minha melancolia, com meus risos ou lágrimas, que não podem ser incômodo a ninguém.

quarta-feira, 21 de novembro de 2018


Quem me dá calor?
Tu, olhar sarcástico, que me contemplas na escuridão.
Caçador escondido além das nuvens.
Me contorço, torturada, e tão frágil.
Sei que tens poder de penetrar em meus mais secretos pensamentos.
Cansada estou...
Olhei, por um instante, para um vazio tão cheio de tudo.
Esperança me acolheu e me mostrou algo mais profundo.
É como olhar um vasto horizonte.
Tão belo e tão longe.

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Assassinos do amor *
Cada homem mata aquilo que ama
Alguns fazem com expressão amarga
Alguns com uma palavra lisonjeira
O covarde o faz com um beijo
O bravo com uma espada

Alguns matam seu amor quando são jovens
E alguns quando são velhos
Alguns estrangulam com as mãos da luxúria
alguns com as mãos de ouro
O mais bárbaro usa uma faca, porque quem morre tão depressa esfria...
Alguns amam pouco demais
Alguns por tempo demais...
* "Se as borboletas falassem..."
O Banquete do desejo.
Afinal o que querem os homens? Esses homens que arrastam o desejo humano para uma deriva sem fim, mesmo tentando ancorá-lo em soluções parciais; dessa dialética entre carência e astúcia move-se o desejo, agita-se Eros infinitamente...
É incompletude, é carência que atinge toda e qualquer pulsão do desejo.
Alteridade ou alguma coisa que está para além do sujeito desejante e que ele quer para si.
A maior fantasmagoria eleita pelo masculino será o do feminino, visado como objeto de gozo total, impossível de ser completado, apesar das atualizações.
Edgar Alan Poe escreveu um conto intitulado : "A Carta Roubada" em que ele mostra que assim como o sentido do desejo último dos significantes nunca é alcançado, esta 'Carta Roubada' tem vários destinatários e nenhum; seu conteúdo nunca pode ser apropriado inteiramente, mantendo-se apenas como uma potencialidade de sentido e, no caso do conto de Poe, uma potencialidade de poder para quem a possui.
Metáfora certeira para a palavra que sempre cerca seu sentido, mas nunca o alcança. Por mais visível e audível que as palavras sejam,elas nunca podem ser decifradas totalmente -seu significado sempre desliza e escapa - da mesma maneira que a Carta Roubada, no conto de Poe, desliza continuadamente por vários possuidores. Mesmo estando perfeitamente visível e disponível em cima da mesa ou da lareira, nunca é vista pelos que a querem encontrar - a mulher e o desejo do homem pela mulher tem também essa característica. Por mais próxima que a mulher esteja de um homem, ela é sempre invisível, para o homem a mulher não existe.
Como dizer isso se o homem faz sexo com uma mulher desde sempre? Os homens, na verdade, fazem sexo com todas as mulheres e não com uma em especial, repetindo no seu inconsciente o tempo da horda primitiva, em que todas as mulheres pertenciam a um único Pai mítico, dono do falo.
A mulher como individualidade lhe escapa sempre, ela é apenas um objeto do desejo.
"Se as Borboletas falassem..." Parte II