segunda-feira, 5 de novembro de 2018

O Banquete do desejo.
Afinal o que querem os homens? Esses homens que arrastam o desejo humano para uma deriva sem fim, mesmo tentando ancorá-lo em soluções parciais; dessa dialética entre carência e astúcia move-se o desejo, agita-se Eros infinitamente...
É incompletude, é carência que atinge toda e qualquer pulsão do desejo.
Alteridade ou alguma coisa que está para além do sujeito desejante e que ele quer para si.
A maior fantasmagoria eleita pelo masculino será o do feminino, visado como objeto de gozo total, impossível de ser completado, apesar das atualizações.
Edgar Alan Poe escreveu um conto intitulado : "A Carta Roubada" em que ele mostra que assim como o sentido do desejo último dos significantes nunca é alcançado, esta 'Carta Roubada' tem vários destinatários e nenhum; seu conteúdo nunca pode ser apropriado inteiramente, mantendo-se apenas como uma potencialidade de sentido e, no caso do conto de Poe, uma potencialidade de poder para quem a possui.
Metáfora certeira para a palavra que sempre cerca seu sentido, mas nunca o alcança. Por mais visível e audível que as palavras sejam,elas nunca podem ser decifradas totalmente -seu significado sempre desliza e escapa - da mesma maneira que a Carta Roubada, no conto de Poe, desliza continuadamente por vários possuidores. Mesmo estando perfeitamente visível e disponível em cima da mesa ou da lareira, nunca é vista pelos que a querem encontrar - a mulher e o desejo do homem pela mulher tem também essa característica. Por mais próxima que a mulher esteja de um homem, ela é sempre invisível, para o homem a mulher não existe.
Como dizer isso se o homem faz sexo com uma mulher desde sempre? Os homens, na verdade, fazem sexo com todas as mulheres e não com uma em especial, repetindo no seu inconsciente o tempo da horda primitiva, em que todas as mulheres pertenciam a um único Pai mítico, dono do falo.
A mulher como individualidade lhe escapa sempre, ela é apenas um objeto do desejo.
"Se as Borboletas falassem..." Parte II

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