terça-feira, 5 de junho de 2018
Satisfatório ou ideal seria ser as duas coisas, mas
como é difícil reunir as duas coisas, é muito mais seguro - quando uma
delas tiver que faltar - ser temido do que amado. Porque, dos homens em
geral, se pode dizer o seguinte: que são ingratos, volúveis, fingidos e
dissimulados, fugidios ao perigo, ávidos do ganho. E enquanto lhes
fazeis bem, são todos vossos e oferecem-vos a família, os bens pessoais,
a vida, os descendentes, desde que a necessidade esteja bem longe. Mas
quando ela se avizinha, contra vós se revoltam. E aquele príncipe que
tiver confiado naquelas promessas, como fundamento do ser poder,
encontrando-se desprovido de outras precauções, está perdido. É que as
amizades que se adquirem através das riquezas, e não com grandeza e
nobreza de caráter,
compram-se, mas não se pode contar com elas nos
momentos de adversidade. Os homens sentem menos inibição em ofender
alguém que se faça amar do que outro que se faça temer, porque a amizade
implica um vínculo de obrigações, o qual, devido à maldade dos homens,
em qualquer altura se rompe, conforme as conveniências. O temor, por seu
turno, implica o medo de uma punição, que nunca mais se extingue. No
entanto, o príncipe deve fazer-se temer, de modo que, senão conseguir
obter a estima, também não incite o ódio.
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